Gritos de Revolta


Dor, tristeza e desilusão!
São gritos de revolta
Do fundo do coração,
E do tempo que não volta.

É triste viver num mundo
Onde só há lugar à miséria.
Onde a desgraça não é séria,
Seja em cima ou no fundo.

Dói muito ver e ouvir
Famílias inteiras a pedir!
Sei bem o que digo,
Porque eu já fui mendigo.

Custa tanto nada ter,
Mais ainda não comer
Uma simples refeição,
Composta por água e pão.

Como é possível ser indiferente?
Ignorando tanta gente,
Vivendo à grande e à francesa
À boa maneira portuguesa.

Vergonha é o que eu sinto...
Quando uns apertam o cinto,
Outros vivem em hotéis
Como uns autênticos réis!

Não sei quem é culpado,
Se a chuva, se o trigo,
Eu apenas consigo
Dizer que algo está errado.

Não acredito em ilusões.
Prefiro as certezas
Para não ter desilusões
E não aumentar as tristezas.

Todos nós erramos
E às vezes não nos lembramos,
Que o erro e o azar
Nunca se irão divorciar.

Apelo a todos vós
Que unamos as nossas mãos,
E numa só voz
Gritemos... "União!".


José Mendes,
2010